Horácio teria aceitado a "intoxicação" como substituta da inspiração para a sua escrita. No entanto, mais do que apenas usar o vinho como ferramenta, ele teria sido um grande conhecedor da bebida. Diversos dos vinhos citados nos seus poemas, foram posteriormente catalogados e referenciados por historiadores romanos. Ele teve certamente contacto com alguns dos melhores vinhos da sua época, graças aos seus patronos: Mecenas e Augusto.
Nas odes em que eles são retratados (ou que lhes são dedicadas), citam-se diversos "rótulos" importantes do período romano, como o Falerno, o Caecuban, o Mássico, o Caleno, o Albano, o Formian, etc. O Falerno era considerado um "Grand Cru" da sua época. Originário do Monte Falernus, na Campania, era um dos vinhos preferidos da alta sociedade romana. Provavelmente era um vinho branco doce, mas acredita-se que tenha tido versões secas (austerum) e "leves" (genue) - segundo relatos do historiador Plínio.
O Caecuban, por sua vez, é considerado o melhor de todos os vinhos italianos segundo Plínio. Este branco viria de uma região costeira do Lácio, entre Terracina e Fondi, ao sul de Roma, e seria mais suave do que o Falerno. Horácio cita-o em diversas passagens e, em duas delas, denota-se a sua importância: na celebração da vitória sobre Cleópatra e no convite a Mecenas para um brinde (o poeta coloca o Caecuban acima do Falerno, do Caleno e do Formian). Horácio, por sua vez, classifica o Falerno como "ardens", "forte" e "severum", ou seja, ardente, potente e intenso. Falerno era tão famoso, que acredita-se que tenha sido o primeiro vinho a ser falsificado na história. Depois desses anos de sucesso, contudo, desapareceu.
O Mássico também vem da região do Lácio, mais precisamente do Monte Mássico. Horácio refere-se a ele como "envelhecido" (vetus), "maduro" (lene merum), "doce" e como sendo causador de esquecimentos. Acredita-se que, devido à proximidade com a região onde era produzido o Falerno, o Mássico tenha lentamente desaparecido quando os produtores assumiram o nome mais famoso e mais "vendável" de Falerno. Aliás, alguns historiadores acreditam que o Falerno pode ter abrangido outras áreas vizinhas, como as dos vinhos Caleno e Statan.
O Caleno, citado por Horácio, vinha da cidade de Cales, não muito distante do monte Mássico. Era tido como um vinho "saudável", de digestão mais fácil, "ligeiro", segundo o historiador grego Ateneu. Da região costeira próxima vem o Formian, que não era considerado tão bom quanto os outros, pois amadurecia mais rápido e era mais "oleoso". Próximo dali também havia o Surrentino – acredita-se que da região da cidade de Sorrento, ao sul de Nápoles –, também um vinho "menor", que não "afetava a cabeça", de acordo com Plínio.
Já outro grande vinho romano era o Albano, vindo da região das Colinas Albanas, um complexo vulcânico 20 Kms a sul de Roma, onde hoje está o Castelgandolfo, residência papal, e também próximo da região dos vinhos Frascati. Plínio descreveu o Albano como "extremamente doce e ocasionalmente seco", além de ser melhor apreciado quando envelhecido. Em suas odes, Horácio cita que daria um Albano de nove anos como presente de aniversário para Mecenas.